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Duas Bloggers, Duas Histórias, Uma Doença : A Anorexia.

Duas bloggers, irmãs na doença, juntaram-se num só blog para contarem as suas vitórias. O nosso objectivo será sempre ajudar (se possível) quem esteja a passar por esta doença... a anorexia!

A Sofia!

Voltei! Com pouco tempo, mas por uma causa NECESSÁRIA. 

Ontem, ao vaguear pelas redes sociais, conheci a história de uma menina chamada Sofia Ramos . E quem é a Sofia? A Sofia é uma jovem mulher de 26 anos com 29 quilos e muita vontade de ser ajudada. O problema - além da anorexia - é que a Sofia contraiu dividas imensas por causa dos seus problemas e, tudo isso, mexe com a cabeça dela. Não é tempo para julgamentos, não é tempo para preconceitos (como já mostrei aqui, é algo que existe ainda muito), é tempo de ajudar alguém a sobreviver! 

                                      (imagem retirada do seu instagram)

«A minha filha aceitava a anorexia, mas não aceitava que estava magra» 

Esta foi uma das falas da mãe da Sofia. Eu entendo que, para muitos, não se percebe o porquê de não existir ali a tal da "aceitação" da magreza. Mas, como já referi aqui, a questão é que nós não nos sentimos nem nos vemos dessa forma, quando estamos em crise (falo em crise porque não refiro a anorexia como passado). Esta fala é de extrema importância mesmo para se entender mais a doença. Mas, assistam os vídeos. 

(Não estou a conseguir colocar aqui os vídeos da reportagem, mas têm AQUI um deles. )

 

Vejam por vocês, conheçam a Sofia:

https://www.instagram.com/sofiiarramos/reel/C9VwfRytOJH/

 

Um "olá" e um beijinho, da Vânia. 

Por dentro da cabeça de uma anorética...

Ao longo deste blog, contamos as nossas histórias e partilhamos alguns relatos assim como artigos sobre anorexia. Mas, acho que nos faltou um pouco do chamado "nu e cru" das recaídas. (Sim, elas podem existir!)

Pois bem, o que sente uma pessoa com anorexia? Nem ela sabe! É um medo de não corresponder a "padrões", é uma falta de visão real sobre o seu próprio corpo, é o odiar-se a si mesma!  

"Ai, Vânia. Que exagero!" 

Infelizmente, não o é. Não vemos o que vocês vêem...

Há uns dias inclusive, mandei mensagem à minha irmã, psicóloga e que viveu estas fases com uma anoréctica.

Estive a rever fotos de uma recaída que tive há pouquíssimo tempo atrás (aproximadamente 4/5 anos). E, eu mesma, estava abismada com o meu corpo. Isto porque, eu NUNCA me vi assim naquela altura. Vocês imaginem alguém modificar uma foto vossa e diminuir/aumentar o vosso peso. É algo que nunca viram e estão a ver pela primeira vez. Foi exactamente isso que senti. 

Sempre soube que a nossa noção da realidade corporal era complicada. Que não tínhamos uma ideia -ao certo- de como somos. Mas, este choque de realidade (porque já se tinham passado uns anos) assustou-me. Até porque não tenho fotos da minha "pior fase" e, acho que nem quereria. Mas penso, como será então que estava se, numa pequena recaída, fiquei chocada?! É um sentimento confuso. Como que vivendo uma realidade paralela à nossa. Eu sei que sou eu. Mas não pareço eu e não sinto que sou eu. (Não sei se me estou a fazer entender). Sei que passei por essa fase, mas não faço ideia do que foi. Conseguem perceber a confusão? Basicamente, vivi algo, não me recordo de muito e sinto que parte nem fui eu que vivi. 

Ainda hoje, não tenho uma relação com a balança nem com o espelho. Até porque, não me adianta de nada! Anos se passaram e creio que nunca me verei magra mesmo que o esteja.

Hoje em dia estou "bem" e até preciso de perder uns kgs mas sei que, mesmo que estivesse "magrérrima" e numa dessas fases, iria pensar o mesmo.

Complemento-me com o exercício pois sei que a alimentação sempre será um 8 e um 80. Criei manhas dentro da minha própria cabeça para não me deixar ir... e é isto. 

Mas, este é o meu caso... 

E continuo a dizer que me preocupa imenso os jovens e esta nova fase das redes sociais de falta de filtros em que tudo é dito sem empatia, onde tudo é partilhado sem responsabilidade social ... 

"Tudo, Aqui e agora" da Netflix

Ultimamente, tenho-me debatido -novamente- com o meu peso. Sim, tenho quase 36 anos e ainda ando numa inconstância entre "Estás bem" e o "Tens de emagrecer".  Creio que é algo natural de quem passou anos com distúrbio alimentar. 

Adiante... 

Por norma, nas minhas horas de almoço -em tempos de chuva- coloco um filme ou série e vou vendo ao longo do meu pouco tempo livre. Acabei então de ver uma série de comédia e, automaticamente, passou para uma drama que me despertou a curiosidade. Ora, como eu não acredito muito em coincidências, creio que veio na altura certa. 

Esta série britânica de comédia dramática adolescente é sobre a Mia, o seu internamento e a sua recuperação de um distúrbio alimentar. Achei interessante, independentemente da idade. Aliás, acho importante existirem "abre olhos" assim, nus e crus.

Aconselho a pais e a filhos, principalmente! 

E não, não é baseada em uma história verídica, mas creio ser inspirada em várias histórias reais. É uma série que não se baseia apenas em uma adolescente doente e é extremamente rica em informação, em nada exagerada. 

Anorexia... Porquê?

Ora, certamente não terá sido porque um belo dia de manhã acordamos e pensamos "E hoje que me estava a apetecer tanto padecer de uma anorexia nervosa..."  Nem tão pouco é porque nos deitamos a rezar a Deus Nosso Senhor por uma anorexiazinha como dádiva! E não, também não a pedimos ao menino Jesus nem ao Pai Natal. 

 

 

Jamais poderei falar por todos os doentes de distúrbios alimentares, cada caso é um caso e cada um sabe onde lhe aperta o sapato (sapatilha, bota, sabrina, wathever...). A verdade é que existem sempre algumas coisas com as quais nos identificamos uns com os outros. Em todos, existe uma péssima relação com a comida (oh, really?!) e, no caso da anorexia, uma visão errada relativamente ao corpo. Muitas das vezes, nós olhamos ao espelho e vemos uma realidade diferente da que uma pessoa sem anorexia verá... Nós NUNCA nos vemos magras, lindas e maravilhosas! Por muito magras que estejamos, conseguimos sempre encontrar banhas em algum lado (elas podem nem existir, mas nós vemos!)

E reforço, não é uma dieta! Muito pelo contrário, é uma ausência cada vez maior de alimentos. E, apesar de ser mais comum em pessoas do sexo feminino, não é uma doença somente nossa!  Aliás, tendo em conta as redes sociais e a busca pelo corpo perfeito, acho que cada vez mais os adolescentes irão sofrer de distúrbios alimentares independentemente do sexo. Até porque os miúdos são cada vez mais maldosos até na internet (miúdos e gente grande a ser parva, também!) e aproveitam que são os melhores do mundo atrás de um telemóvel ou de um pc...  (isto sou eu a escrever e não nenhum cientista... Pensamentos meus!) 

 

 

Prever? Não se prevê. Os pais ainda não são o Bruxo de Fafe nem a Maya para preverem um distúrbio num filho... Mas acho que têm de estar atentos ás redes sociais dos filhos (o bullying muitas vezes contribui para uma baixa auto-estima e para um desequilibro da pessoa) e ver a malta em casa, como andam, o que comem, etc.

Como ajudar? Não desvalorizar, não culpar a pessoa, não serem imbecis, apoiarem, incentivarem, elogiarem, acarinharem... e, fazer com que vá ao médico, de mansinho, como fazemos quando queremos levar uma criança ao dentista! E tentem perceber em que fase a pessoa está em termos psicológicos... acima de tudo isso. 

 

Beijinhos e abraços destes ossinhos agora com gordurinhas, marcado com estrias e celulite...